segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Os juízes deuses ou os deuses do juízo

Ah o Brasil! Bela terra de contradições, não só pela obviedade das contradições sociais, mas principalmente pelas nossas contradições morais… ou melhor, pela enorme aleatoriedade das coisas que nos causam indignação.

Nessas eleições aflorou com toda a força a indignação contra as “bolsas” distribuídas pelo Governo Federal desde o primeiro mandato de Lula que têm por objetivo atacar um problema crônico no Brasil: a ridícula distância que separa ricos e pobres. As “bolsas”, direito carinhosamente apelidado como “bolsa esmola”, fazem parte de um plano de distribuição de renda que visa atacar justamente a cratera lunar entre “azelite” e “uzpobre”. Não se trata de “dar o peixe… blábláblá” mas de fazer valer a nossa constituição que garante o direitos fundamentais aos cidadãos do Brasil, direitos esses sistematicamente ignorados por uma aristocracia que monopolizou o poder público graças à posse do poder econômico. Não quero ser redundante, você pode aprender mais sobre os programas de redistribuição de renda aqui, algo que eu sugiro fortemente antes que você distribua toda a sua sabedoria no Facebook. 

O fato importante a destacar agora é que os programas de redistribuição de renda estão dando certo. Não, não insista naquele vídeo da “calça de 300 reais” porque ele está longe de refletir a realidade dos programas. Pense em dados mais concretos, como os da ONU, que mostram que o Brasil saiu do Mapa da Fome. Não é pouca coisa paleface. Se você tiver o trabalho de comparar os indicadores sociais do Brasil com o resto do mundo perceberá que ainda há muito a avançar, mas que demos um grande passo nos últimos anos. [agora você pode fazer o “mimimi o FHC estabilizou a economia”… fez? Ok!]

Bem, esse programa que na verdade não custa muito ao governo, mas que gera benefícios enormes, recebe as mais vorazes e insensatas críticas que podem sair das mentes criativas tupiniquins. Engraçado, entretanto, que os benefícios dados aos juízes - as vezes por eles mesmos - são veementemente ignorados pela galerinha do “bolsa esmola”. 

Vou fazer uma lista:

1. Juízes e desembargadores pedem auxílio-educação de 7,5 mil reais por mês para pagar as escolas dos seus filhos. Ah, eu mencionei que eles recebem por volta de 30 mil reais por mês? 
2. Eles também reivindicam 1.100 dilmas, digo "reais", de auxílio-transporte

3. Eles julgam à eles mesmos motivados pelo mais nobre corporativismo, a ponto de inocentarem um juiz-deus que guiava sem carteira de motorista e sem placa de identificação do veículo e ainda condenarem a agente que o parou a pagar uma multa de 5 mil reais ao magistrado maroto. 
4. Os ministros do STF decidem pelo próprio aumento de salário o que causa um efeito cascata em todo o judiciário que também pede aumento.

Tem mais, mas mexe seus dedinhos e pesquisa!

E você aí reclamando do bolsa-família, hein? Que feio! Agora me responda:

1. Como teu chefe te responderia se você pedisse um auxílio para pagar a escola da sua prole de 7,5 mil reais?
2. Qual é o valor do seu auxílio-transporte?
3. O que aconteceria se você fosse pego numa blitz sem carteira de motorista e sem placas no seu carro?
4. Quando você aumentou pela última vez o seu próprio salário?

Mais: advinha do bolso de quem sai a grana para pagar as regalias dos juízes? 

Manolo, se pá seus impostos servem mais para bancar a vida boa da nobreza do que o pão do pobre. 

Entre ajudar a pagar a escola do filho do camarada que ganha 30 mil por mês eu prefiro ajudar a manter uma criança pobre na escola. 

Agora pode doar para a rifa da igreja! E não se esqueça de doar ainda suas lágrimas para a Cantareira. O hábito faz o monge. 

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