domingo, 14 de abril de 2013

O pior de todos os mundos: Gerald Thomas e a psicopatia contra mulheres


O que pode ter em comum entre o caso da americana brutalmente violentada numa van no Rio de Janeiro, o aterrador caso de Rehtaeh Parsons, os assustadores casos de violência sexual na Índia e o espetáculo dantesco protagonizado pelo senhor Gerald Thomas naquele programinha… qual é o nome mesmo? … Ah! Pânico? 

Os mais ingênuos, ou deliberadamente ignorantes, podem alegar: nada!

Será? Então vamos botar os neurônios para funcionar um pouquinho que costuma fazer bem.

Caso 1: Uma jovem americana pegou uma van com o namorado francês, no veículo estavam alguns dos seres que representam o que há de mais repugnante na espécie humana, bestializados que atendem pelos nomes: Jonathan Froudakis de Souza, Wallace Aparecido Souza Silva e Carlos Armando Costa dos Santos. Os três seres grotescos violentaram brutalmente a jovem. O caso ganhou notoriedade - olha a Copa! - e os seres foram presos em poucas horas. Descobriram que existiam outras denúncias contra eles que foram solenemente ignoradas pelas autoridades. Típico.

Caso 2: Rehtaeh Parsons era uma típica jovem canadense. Um dia ela foi violentada por três seres grotescos, um deles tirou fotos do crime e compartilhou na internet. Mesmo com as fotos que comprovavam o crime, a polícia canadense não achou que havia provas suficientes para condenar os grotesquinhos. Eles saíram impunes, mas Rehtaeh não. Ela foi execrada pela comunidade, foi abandonada pelos amigos e humilhada de todas as maneiras que as mentes doentias são capazes de humilhar. Jamais se recuperou. Ao 17 anos, dois anos depois do crime e ainda profundamente deprimida e destratada, ela tentou suicídio. Sobreviveu, mas seu estado piorou e ela estava sendo mantida viva com a ajuda de aparelhos. Sem esperanças de melhoras, os aparelhos foram desligados e a jovem Rehtaeh deixou este mundo. Estes mundos.  

Caso 3: Índia, um dos países que ocupam o infame top 10 dos países onde as mulheres sofrem mais violência. Estamos no final de 2012. Uma estudante de medicina de 23 anos acompanhada de um amigo pegou um ônibus. Nele estavam seus algozes que a violentaram de maneira tão brutal e a feriram de foram tão devastadora que a jovem não sobreviveu. Morreu dias depois enquanto em Nova Déli pessoas fartas do descaso das autoridades e da culpabilização das vítimas tomavam as ruas em protesto. Enquanto isso um guru indiano dizia que a culpa foi da jovem que sofreu a violência. Faz parte, estupro é o único tipo de crime que as vítimas devem provar inocência.

Caso 4: um diretor teatral e rocambolesco que atende pela alcunha de Gerald Thomas está lançando um livro de rabiscos, ops, desenhos. O programinha Pânico - aquele que humilha entrevistados e se farta da bestialidade generalizada para ganhar Ibope - foi cobrir o "grande evento". O tal diretor é o mesmo que numa entrevista para a TPM causou um tremendo desconforto para a entrevistadora quando tirou a roupa, não sem antes convidá-la para um motel, um gentleman, como se pode perceber. Thomas estava lá, no alto do seu notório egocentrismo, e se sentiu no direito de colocar as mãos por debaixo do vestido de Nicole Bahls, tudo sob os olhares coniventes da equipe do programa e do outro entrevistador. 

Rio de Janeiro, Cole Harbour (Canadá), Nova Déli. Três cidades muito diferentes, localizadas em países com poucas afinidades culturais, em diferentes níveis de desenvolvimento, mas com algo em comum, algo que une nossos mundos no que eles têm de pior: a psicopatia contra mulheres.

O que é psicopatia? É a total falta de empatia por outro ser humano, é a idéia de que o outro é desprezível e não merece qualquer consideração, de modo que se pode fazer qualquer coisa contra o alvo sem qualquer remorso, sem culpa. Psicopatia é desumanização. A questão com as mulheres é que contra elas existe uma psicopatia social. Mulheres são esses seres que podem ser odiados, xingados, violentados, destratados num coletivo em Nova Déli, na cidade da Copa ou numa pacata cidade canadense com a anuência da sociedade. Sempre há uma desculpa. É o guru que diz que a culpa é da vítima. É o diretor que vem com a "brilhante" e "revolucionária" explicação de que mulheres não são objetos, mas não devem se comportar como tal, portanto ele podia meter a mão na "menina" com roupas sensuais [sic] (Jura, Thomas? Eu não me surpreenderia de ler isso no Malleus Maleficarum, acho que você precisa rever seu conceito de "transgressão provocativa"). São as autoridades que deixam de investigar denuncias de estupro e permitem que estupradores continuem à solta até predar a próxima vítima. E aceitamos isso, e encontramos comentários defendendo e justificando os atos do diretor, dos indianos, dos estupradores da van. É o terror, o retrato da barbárie travestido nos mais infames disfarces. O espetáculo dantesco, aceito, defendido e perpetuado. É o triunfo da brutalidade, da bestialidade…

Pois a mesma justificativa dada por Thomas pode ser encontrada em qualquer depoimento de estuprador em qualquer buraco do planeta: "ela estava provocando, ela pediu por isso". Psicopatia social, universal, generalizada. E o "douto" diretor, a fina flor da "classe artística", acha que é muito diferente. Não, ele não é. É só mais um psicopata: com as mesmas desculpas, com o mesmo desprezo, com a mesma falta de empatia. 

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