“Se beber, não dirija”. Só uma
pessoa irresponsável seria contra essa frase. Não há dúvidas, bebidas
alcóolicas e direção é uma combinação perigosa. A Lei Seca foi instituída para
evitar que inconsequentes peguem o carro depois de uma noite de bebedeira, parece
que tem dado resultado. Pelo menos no Rio de Janeiro as blitz da Lei Seca são
comuns e bem instaladas nas principais vias da cidade, já fui parada e fiz o
teste do bafômetro como qualquer cidadão deve fazer.
Mas há um porém. Se de fato a lei
foi uma das raras boas iniciativas do poder legislativo ela não veio
acompanhada da estrutura necessária. O fato é que a oferta de transporte
público nas madrugadas é ridícula e o preço dos táxis proibitivo, especialmente
para as pessoas que moram longe dos principais centros de lazer do Rio de
Janeiro e São Paulo, e entre as duas cidades São Paulo está numa situação pior.
Se no Rio, depois de uma balada, dá para ir à Central do Brasil e conseguir um
ônibus para boa parte dos bairros das zonas Norte e Oeste, em São Paulo, depois
das 23:00, a situação fica complicada para quem vive longe das estações do
metrô. Depois que o metrô fecha a situação fica ruim para todo mundo que vive
longe de áreas boêmias como a Vila Madalena e a Augusta.
Em suma, restam duas opções para os
festeiros: usar o sistema do motorista da rodada – uma boa para quem mora perto
dos amigos – ou encarrar o táxi e o risco de encontrar um motorista sacana.
Eu que sou perdida e não vivo sem
meu GPS já fui enganada algumas vezes em Sampa e uma no Rio. Já paguei 90 reais
em São Paulo por uma corrida que depois soube que custaria 50 se o motorista
não tivesse dado a volta ao mundo para me deixar em casa, no Rio já morri em
100 reais por uma corrida que daria entre 60 e 70 reais, essas foram as situações
que mais me revoltaram, se eu falasse de todas não terminaria o texto. Pois
bem, esse é o preço de tentar obedecer às leis num país onde sempre tem um que
quer se sair bem. Para evitar esse tipo de transtorno vale a pena ter um
taxista de confiança e combinar com ele um horário para ele te resgatar da
balada, mas mesmo assim uma corrida de táxi não sai barata e a técnica não
funciona para quem não dispõe de uns 60 reais especialmente reservados para
bancar a volta pra casa.
Lei Seca? Claro que eu apoio! Mas a
lei seria muito mais eficiente se o poder público trabalhasse para garantir o
funcionamento de linhas de ônibus durante toda a noite, ao menos nos finais de
semana! Cabe ainda lembrar que há meios de burlar a lei, basta um celular com
acesso à internet e uma conta no Twitter para ter informações em primeira mão
dos locais onde as blitz da Lei Seca estão. Quem quer beber e mesmo assim
decide dirigir encontra meios de escapar das blitz, isso é fato. Com a pouca
oferta de transporte público nas noites há muita gente que usa os recursos da
internet para se jogar na cachaça e depois voltar para casa no próprio veículo,
isso, é claro, se não causar um acidente no caminho e colocar em risco a
própria vida e a de terceiros.
A questão principal é que a falta de transporte público de qualidade,
inclusive durante as madrugadas, é um tremendo desrespeito ao direito de ir e
vir dos cidadãos. Queremos a Lei Seca, mas também busão!